quarta-feira, 3 de setembro de 2008
A crise e o Movimento Associativo
Crise é uma palavra que serve a todos, os que acreditam e os que não acreditam, os optimistas e os pessimistas, os políticos e os que votam nos políticos e os que não votam! Se escutarmos um pessimista ficamos a saber que a crise já vem de longe, está para durar e não temos hipótese, somos um país que não tem emenda. E a culpa é toda de D. Afonso Henriques e de todos quantos se lhe seguiram a governar o país.
Para os optimistas a crise vai passar, não se vai notar nada ou quase nada, tudo se resolve, o melhor é ir às compras.
Não têm dinheiro?
E isso que importa? Temos o cartão de crédito.
Já atingiu o limite?
É só pedir mais um empréstimo.
Não acreditam? Vejam a televisão, leiam nos jornais e revistas ouçam na rádio, todos os dias são metralhados com a mais variada “informação” de como ser felizes sem esforço. É assim como um número de magia e tudo passa, não custa nada está tudo ao nosso alcance basta telefonar e já está.
Nós dirigentes associativos voluntários conhecemos a crise à muito, no movimento associativo estamos sempre a ouvir falar dela. Quando nos aumentam a conta da água. A culpa é da crise. Enquanto esperamos pelos subsídios da câmara municipal, cada vez mais atrasados, a culpa é da crise. Até quando chega o momento de eleger novos dirigentes e não se consegue arranjar o número mínimo para compor os órgãos directivos das colectividades. A culpa é da crise.
Mas contra ventos e marés o movimento associativo popular continua vivo, embora muitos já tenham vaticinado o seu fim. Convencidos que tudo pode ser resolvido com a chamada iniciativa privada. Esquecem-se no entanto que a iniciativa privada só está presente enquanto existirem lucros e para haver lucro é preciso haver quem pague esses serviços, que invariavelmente não são baratos, ou melhor, estão acima das possibilidades da maioria dos cidadãos deste país. Cá está, a crise.
Eu sou daqueles que acreditam que esse fim, se alguma vez acontecer, está ainda bem longe. Porque a comunidade em que vivemos precisa das colectividades.
As colectividades são entidades sem fins lucrativos que estão ao serviço de todos sejam pobres, ricos ou assim-assim. Por isso estas são um bem de todos que temos a obrigação de ajudar a preservar. É nas associações onde os euros se multiplicam, uma vez que dirigentes voluntários trabalham muitas horas, ao longo de vários anos sem qualquer remuneração e conseguem apresentar autênticos números de magia, fazendo muito com poucos euros, ao contrário de outros mágicos que com muitos euros fizeram muito pouco.
Em conjunto é muito mais fácil criar as sinergias que nos permitam continuar a prestar os serviços para que estamos vocacionados. Assim como modernizarmo-nos e acompanhar o desenvolvimento.
Um bom exemplo que aqui se regista, é nos dado pela Casa da Cultura José Bento da Silva, de S. Martinho do Porto e da Associação Recreativa e Desportiva Quiterense, Valado de Santa Quitéria, que estão a trabalhar em conjunto para concretizarem uma ideia antiga a criação de um grupo de guitarras, onde os alunos das respectivas escolas possam apresentar os conhecimentos já adquiridos. Entre os dias 25 e 27 de Julho, numa organização conjunta aconteceu uma sessão de trabalho intensiva, esta contou com a presença de professores externos às respectivas escolas de música, assim vão concretizando os objectivos a que se propuseram, de uma forma mais económica uma vez que a sessão decorreu alternadamente em S. Martinho do Porto e no Valado S. Quitéria, desta forma se dividem despesas e se proporciona aos sócios de ambas as colectividades a possibilidade de acompanharem o trabalho feito em prol do desenvolvimento cultural, do concelho de Alcobaça. De enaltecer a chegada a este projecto da Associação de melhoramentos das Fragosas, participou nesta iniciativa com um digno representante, uma vez que esta está a dar os primeiros passos na criação de uma escola de música, merece ser devidamente apoiada por todos os sócios da colectividade.
Este tipo de iniciativas tem todo o apoio da Nova União das Colectividades do concelho de Alcobaça, é também para ajudar a desenvolver estas parcerias que a NUCCA existe.
É meu convencimento que o futuro das colectividades passa também por estas terem a capacidade de se unirem de modo a partilharem animadores profissionais, que venham desta forma ajudar a dinamizar o movimento associativo. A NUCCA cá estará para apoiar.
Daniel Guilherme
Presidente da Nova União das colectividades do concelho de Alcobaça
28-07-2008
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